“os velhos olhos vermelhos voltaram dessa vez, com o mundo nas costas e a cidade nos pés.
pra que sofrer se nada é pra sempre? pra que correr, se nunca me vejo de frente...
os velhos olhos vermelhos enganam sem querer. parecem claros, frios, distantes - não têm nada a perder.
por que se preocupar por tão pouco? por que chorar, se amanhã tudo muda de novo?
parei de pensar e comecei a sentir.
nada como um dia após dia; uma noite, um mês...
os velhos olhos vermelhos voltaram de vez...”
[capital inicial – “olhos vermelhos”]
filósofos falam em felicidade, em amor, em paixão, em paz, e em tantos outros sentimentos lindos como alcançáveis e concêntricos.
bem... isso não existe, certo? porque ninguém consegue levar uma vida entendida como perfeita. paz, amores correspondidos e bem resolvidos, sucesso, amigos, curtição, bom trabalho...
há quem diga que esse tipo de perfeição não é querida, porque precisamos de problemas... mas duvido que alguém rejeite esta vida.
quero dizer... a gente vive numa sociedade que cobra tanto da gente. que impõe tantas coisas à gente. tudo que deveria ser complementar à felicidade se torna o essencial para a existência dela. dinheiro, trabalho em cima de trabalho, estudo e mais estudo... isso devia ser para quem já é sentimentalmente feliz, e quer de uma felicidade material.
é utópico, eu sei. só que seria o ideal.
porque nós temos uma mania absurda de deixar os sentimentos para segundo plano. só começamos a buscar a vida sentimental e a perceber o quanto a menosprezamos e fomos negligentes com ela quando começamos a sentir um vazio dentro de nós, ou um buraco imenso, e tantas vezes nem conseguimos mais preenche-lo.
ora bem, qual o prazer da felicidade material? é conjugar o verbo "ter" na primeira pessoa do singular em todos os tempos e modos. massa! só que a realidade é que existem coisas mais importantes. é verdade que todo mundo precisa de dinheiro pra sobreviver, mas não se vive, também, oco.
o sentimental é uma renovação constante, na qual o verbo "ter" está conjugado em todas pessoas, modos e tempos. aí está a beleza de tudo.
tudo isso é porque estive pensando em meus sentimentos... em como eu não consigo mais me apaixonar, como fazia aos 14 anos – e, mesmo que não fosse amor mesmo, trazia um aperto gostoso de saudades, levava o coração à boca quando ouvia a voz do outro, um sorriso idiota ao rosto, as músicas que faziam lembrar dele...
eu não sei mais o que é sentir isso tudo. às vezes acho que desaprendi, mas prefiro pensar que só esqueci e que qualquer dia desses alguém me faz relembrar.
eu tenho me recuperado no colégio, tenho colocado as idéias que estavam loucas nos seus devidos lugares, tenho tomado decisões que eu adiei muito...
antes, os sentimentos estavam bem definidos e o resto da vida doido; agora, a vida está se definindo, e os sentimentos enlouquecendo.
eu que sou ruim de conciliar as coisas, ou a vida e o amor não se entendem mesmo?
:/
beijo,
nói
: *
p.s.: tinha esquecido no post passado, mas lembrei agora: créditos ao “ado-a-ado, ao meu torturado” pela montagenzénha lá de cima. obrigada, queridão! :)